1 de jun. de 2007

O SER-LIVRO...

Você sabia que o livro, assim como nós, tem uma importância vital no universo em que vive? Pois é isso mesmo!
O livro não está numa estante por simplesmente estar. Não está ali apenas para ornamentar estantes belas em salas elegantes de intelectuais.
Ele tem a sua importância e o seu relevante valor por existir numa estante em casa, ou, numa estante na Biblioteca.
O seu valor chega a ser tão elevado quanto o do ser humano, visto que, ele é criado por um ser humano e, não obstante, a sua constituição se assemelha demasiadamente com a de um ser que pensa, sente e age. Ou seja, o próprio ser humano.
Você sabia que o livro tem cabeça, assim como o homem a tem para pensar?
Você sabia que o livro tem barriga, assim como nós a temos para o alimento?
Você sabia que ele tem dorso, assim como o temos para nos encostar?
E que ele tem orelha (entenda-se como ouvido) que não é para ouvir mas para nos informar?
Você sabia que ele tem pé? Sim, tem pé, assim como nós os temos para andar e, ele, para nos aguardar, lá, na estante, de pé, feito um sentinela, a espera de ser lido a qualquer momento.
Você sabia que o livro, assim como certas pessoas, também, tem dois rostos (falsa folha de rosto e folha de rosto) – esta é a parte mais complexa e subjetiva do homem – e que ambos são encobertos e protegidos por uma capa (folha de guarda)?
Pois sim, dotado dessas características quão peculiares ao ser humano, a ponto de se assemelhar demasiadamente com ele, nada mais justo então dar-se ao livro o respeito e o tratamento que é dado semelhantemente ao ser humano.
Por isso, você sabia que o livro tem um lugar para morar e que esse lugar é a Biblioteca?
Você sabia que ele tem um endereço que é o “número de chamada” e um lugar específico para ficar que é a estante?
Que ele tem um registro, a catalogação, e que acima de tudo tem o poder der ser “meta-discente”, uma vez que tanto pode ser aluno quando com um número de chamada; e que pode ser mestre e sábio, quando estar a passar ou a informar gratuitamente, o conhecimento?
Você sabia que todo livro, quando numa biblioteca, pertence a uma classe que varia de 000 a 900 correspondente a uma tabela de classificação?
O livro, às vezes, parece comparar-se a um “escravo sábio” – talvez, Platão –, no que se refere ao seu modo de aquisição. Pois, o livro, tanto pode ser comprado, trocado ou doado (desconheço se estes dois últimos modos ocorriam com os escravos no passado).
Todavia, como vemos, o livro é “uma espécie de ser” de mestre, de sábio, de escravo que precisa partilhar com alguém do seu mundo, da sua vida, do seu Ser de ser-livro, com o poder de ser livre, estar livre e aberto para todo e qualquer (um) que queira conhecer-lhe e adentrar-lhe no misterioso universo seu de Ser-Livre.

Texto produzido por MC Garcia, filósofo, escritor e organizador de bibliotecas comunitárias em Natal, para o Curso de Capacitação e Dinamização para o uso de Bibliotecas Públicas – Capitania da Artes - Natal - RN.

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