31 de mai. de 2007

OPERAÇÃO PARAÍSO

Os encantos das belas praias potiguares atraem gente de todo mundo. As facilidades de compra de terrenos e de investimentos imobiliários também. O Euro impulsiona o insipiente mercado imobiliário do pobre RN, sem fronteiras e sem limites. Dinheiro é dinheiro em qualquer parte do mundo.

Por sua vez, pessoas de boa fé do velho continente fazem pequenos investimentos em imóveis no litoral nordestino para fugirem do inverno gelado.

Mas um problema surge quando, além de fugir do frio, alguns outros fogem da legalidade para esquentarem o dinheiro ganho por meio de atividades obscuras, ou de origem ignorada.
Foi o que demonstrou a Operação Paraíso, ação conjunta realizada entre Polícia Federal, o Ministério Público, Receita Federal, a Justiça Federal, a Okokrim - polícia da Noruega, e a Interpol.

Partindo de uma reportagem investigativa realizada pelo jornal norueguês Dagens Naerigsliv, intitulada "Paraíso Criminoso Imobiliário", também com colaboração do Jornal Tribuna do Norte, de Natal, o fio da meada da lavagem de dinheiro foi sendo descoberto.

Um grupo de noruegueses e paquistaneses que fariam parte de uma organização criminosa que atuaria na prática de vários tipos de crimes na Noruega, incluindo tráfico de drogas, roubos, extorsões e homicídios. A quadrilha resolveu aplicar os lucros em investimentos imobiliários no litoral do RN, - cerca de US$ 50 milhões -, com a construção de hotéis, condomínios e resorts no litoral sul e na badalada praia de Ponta Negra, com apoio de alguns brasileiros “laranjas” que facilitariam a legalidade dos negócios.

Um advogado estaria envolvido também em montar esquema similar para empresários espanhóis. As investigações começaram no ano passado e retrocedem ao início das atividades do grupo no ano de 2002.

Constatou-se que as pessoas envolvidas apresentavam grande incompatibilidade entre o patrimônio declarado e o efetivamente movimentado. A partir daí, começaram a ser quebrados os sigilos fiscais e bancários das pessoas físicas e jurídicas suspeitas.

Nove pessoas foram presas em Natal e outras 15 em Oslo, na Noruega. Cerca de 230 policiais estiveram envolvidos na operação que visava cumprir 21 mandados de prisão, sendo 11 no Brasil e 10 na Noruega, e 33 mandados de busca e apreensão, 29 em Natal-RN, dois em João Pessoa e dois em Campina Grande, na Paraiba, sendo apreendidos documentos, carros, motos e um barco de componentes do grupo, além de armas. Prisões e processos aqui e do outro lado do mundo foram deflagrados.

Analisando a questão, o problema maior reside na fragilidade de nossa economia, que se encanta com o brilho de qualquer moeda que soe diferente do real, ainda que valorizado atualmente. O terceiro setor é apontado como a saída para o desenvolvimento de nossa região.

O problema é como conseguir investimentos. Parcerias são feitas sem o menor questionamento da origem do capital. O aquecimento do mercado traz lucro rápido para alguns que não ponderam com quem tipo de pessoas se associam. Também ninguém traz estampado no rosto alvará de idoneidade.

Mas canja de galinha e precaução não faz mal a ninguém. Mesmo que a esmola não seja grande, o santo tem que desconfiar, sempre. Até para garantir que as pessoas de bem - sejam estrangeiros ou não -, continuem tendo livre trânsito na nossa casa sempre tão hospitaleira, sem a cumplicidade de alguns nativos ávidos pelo ganho fácil, ou mesmo a ignorância e boa fé de outros.

Para que nossas praias continuem sendo de todos, nosso ganha-pão não provoque crises de consciência, e nem que nossas meninas sejam usadas ninguém.

Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u117011.shtml
http://www.virgulino.com/admin/modules/noticia/?id=31082
http://www.diariodenatal.dnonline.com.br/site/materia.php?idsec=2&idmat=158260
http://www.tvjustica.gov.br/maisnoticias.php?id_noticias=3219
http://www.portugaemnatal.blogspot.com
http://www.estadao.com.br/ultimas/economia/noticias/2007/mai/09/84.htm
http://www.tribunadonorte.com.br

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