10 de jun. de 2007

Encontro do G8, o jogo de xadrez

Nesta última semana tivemos na Alemanha mais uma reunião do G-8, o encontro dos países mais desenvolvidos do mundo, um velho jogo de xadrez que se repete. A dama alemã todo-poderosa recebeu os convidados com tapete vermelho. Nas reuniões, as jogadas de sempre: as peças mais fortes protegendo o invencível rei mercado.

Os Estados Unidos continuam sendo os Estados Unidos e se movimentam livremente de um lado de outro, com direito a fugir das jogadas mais importantes alegando indisposição estomacal; A Inglaterra e seu primeiro-ministro em ocaso continua um firme aliado seja no velho continente, seja lá Iraque ou onde quer que seja;
A Rússia, retornando a sua condição de peão promovido a antiga condição de bispo, ensaiou uma jogada de rebeldia, mas em poucas horas lhe deram um cala-boca: vai entrar no bilionário mercado dos escudos antimísseis.

Medo mesmo quem faz é a torre China, digna representante do rei, que avança destemida e ameaçadora procurando ascender sobre os demais. Uma questão de tempo ou de conveniência da política vermelha das conveniências. As outras peças continuam as mesmas.

O grupo dos peões em desenvolvimento, o G5, dos quais o Brasil faz parte, enfrenta a batalha em desvantagem, procurando chegar até o final do tabuleiro e a redentora promoção ao grupo de elite dos três por cento dos mais desenvolvidos do mundo. Enfrentam o fogo amigo dos subsídios agrícolas, barreiras comerciais e alfandegárias e o tratado de emissão de poluentes de Kioto que só os mais fracos se sentem obrigados a cumprir. O rei mercado continua inabalável.

Do outro lado do tabuleiro, roda-se o velho script de todos os encontros: ensaiam um roque quando ambientalistas peladões fazem os mesmos protestos inúteis, correntes humanas em lugares bucólicos, deixam-se levar arrastados pelos policiais nas ruas ou os enfrentam com os mesmos cartazes e palavras de ordem, nada de novo. Artistas dão entrevistas e continuam com seus quinze minutos de fama de marketing social; o fórum social mundial escreve mais uma carta que ninguém do reino abastado lê e, assim, os países pobres continuam mais pobres e mais peões que nunca, apesar das promessas de ajuda para combater a malária, a tuberculose e a Aids na África. Pura troca de peças. O rei mercado agradece.

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