10 de abr. de 2007

Um pouco da História da Qualidade


Os conceitos teóricos da Qualidade são recentes. No entanto a filosofia da busca pela Qualidade é bem antiga. Em 2150 a.C. o Código de Hamurabi de leis já previa que “se um construtor ergue uma casa para alguém e seu trabalho não for sólido e a casa desabar e matar o morador, o construtor será imolado". Os Fenícios Inspetores amputavam a mão do fabricante do produto(defeituoso) que não estivesse dentro das especificações governamentais.
Antes da Revolução Industrial (Séc.XIX ), o artesão era responsável pela confecção e qualidade do produto, desde o início da fabricação até o acabamento. Os violinos Stradivarius são um exemplo deste tipo de produto. Com a produção em massa de bens manufaturados, os artesãos perderam o domínio sobre o processo, e como consequência o interesse em produzir bem algo que sequer conhecia, bem como havia a falta de padronização da forma de trabalho. Daí surgiu a necessidade da aplicação de medidas de controle da produção, como especificações mínimas e análise da materia-prima empregada; calibração de equipamentos de medida; acompanhamento dos processos de fabricação; e ensaios e testes ao longo da fabricação e do produto final.
Com o advento da I Guerra Mundial, os americanos buscaram aplicar os conceitos de Controle Estatístico da Qualidade sobre todos os produtos nos artigos produzidos pela indústria bélica, o que se tornou bastante dispendioso.
Mas a filosofia foi aprimorada e desenvolvida na II Grande Guerra, com surgindo o conceito de "Garantia da Qualidade", necessário para o desenvolvimento de produtos de tecnologia de ponta como misseis e ogivas nucleares.
No período pós-guerra, a indústria japonesa, com a Qualidade restrita à simples rotina de inspeção, foi alavancada pelas idéias de um cientista americano que lutava em aplicar os princípios da Administração pela Qualidade em seu país, sem sucesso. Seu nome, Wiliam Edwards Deming, o “pai da Qualidade Total” que, aos 50 anos, chega ao Japão à convite da associa japonesa de Engenharia para implantar uma nova filosofia de Qualidade volta á satisfação das necessidades do cliente, com um rígido controle estatístico baseado nos princípios de Shewhart – criador do ciclo PDCA -, e implementadas através dos 14 pontos de Deming. Em sua homenagem, o Japão instituiu o Prêmio Deming de Qualidade. Morreu em 1993. Junto com Juran, lançam as bases para o crescimento da Qualidade na indústria japonesa.
Joseph M. Juran também que também havia sido discípulo de Shewhart e trabalhara com Deming durante a guerra utilizando métodos estatísticos na área da qualidade, foi convidado a ir ao Japão para complementar o trabalho iniciado por Deming. Definiu Qualidade como "adequação ao uso". A Gestão da Qualidade dividiu em três pontos: planejamento da qualidade, melhoria da qualidade e controle da qualidade. A famosa trilogia de Juran.
Do lado japonês, surge a figura do químico Kaoru Ishikawa, que aprendeu as noções básicas de controle de qualidade com os norte-americanos. desenvolvendo uma estratégia de qualidade para o Japão. Uma das suas principais colaborações foi a criação das "sete ferramentas do controle da qualidade": análise de Pareto; diagramas de causa-efeito (hoje chamados de Ishikawa); histogramas; folhas de controlo; diagramas de escada; gráficos de controlo; e fluxos de controlo). Na sua opinião, cerca de 95% dos problemas de qualidade podem ser resolvidos com estas sete ferramentas da qualidade. Um das práticas da Qualidade de maior êxito, os "círculos de controle da qualidade", foram idéia de Ishikawa.
Já o nome de Philip Crosby está associado aos conceitos de “zero defeitos” e de “fazer bem à primeira vez”. Na sua opinião, a qualidade significa conformidade com especificações, que variam consoante as empresas de acordo com as necessidades dos seus clientes. O objetivo é ter zero defeitos e não produzir suficientemente bem. Crosby, que defendia a criação de um grupo estratégico de especialistas da qualidade nas empresas, defende que a melhoria da qualidade deve ser buscada de maneira contínua.
A história da Qualidade avançou com o conceito de Feigenbaum “Total Quality Control", ou seja, o Controle da Qualidade Total. Feigenbaum é reconhecido como pioneiro no estudo dos custos da qualidade. define TQC como "um sistema voltado para propiciar a satisfação ao consumidor, gerando os produtos ou serviços através de um sistema organizado de forma econômica e de assistência ao usuário, estruturando-se de modo que todos os empregados da organização possam participar e contribuir para o esforço de desenvolvimento, manutenção e melhoria de qualidade de forma global.". As suas maiores contribuições para o ensino da qualidade são os 19 passos para a melhoria da qualidade e os seus quatro pecados mortais.
David A. Garvin, da Universidade de Harvard, toronu-se um dos pilares do movimento norte-americano pela qualidade de produtos e serviços. Defensor de uma mudança na conceituação do termo "qualidade", que repartiu em oito categorias distintas: Desempenho do produto, Características secundárias, Confiabilidade, Conformidade, Durabilidade, Atendimento, estética do produto e Qualidade percebida.
Garvin propõe que ela seja definida comparativamente, em relação aos competidores - como arma estratégica em mercado competitivo - , ao invés de se traduzir por padrões internos. Iniciando já sua quinta etapa (a famosa ISO 9000 constitui-se na terceira fase), o movimento pela qualidade vê Garvin despontando como o precursor de uma nova era, a da gestão estratégica. Desta forma chegou-se até os dias atuais com a aplicação de um conjuntoto de ações na gestão de Operações chamada de Gestão Estratégica da Qualidade.

Com base nas idéias destes pensadores e o processo de constante constante evolução, ratifica-se a necessidade de aplicação dos princípios da gestão pela qualidade nas empresas como meio indispensável para a sobrevivência no atual cenário de competitividade, globalização e avanço tecnológico.

Fonte:

SOUZA, Dayse da Mata. Visões Clássicas da Qualidade: Gestão da Qualidade Total, Pós–Graduação. Natal-RN: MEC/UFRN, 2006-2007.

MARSHALL Jr., Isnard. Gestão da Qualidade, - 7. ed. rev. ampl - Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

http://www.pr.gov.br/batebyte/edicoes/1993/bb20/qualidade.htm
http://www.centroatl.pt/edigest/edicoes/ed25cap1.html
http://www.eps.ufsc.br/disserta96/rossato/cap2/capitulo2.htm
www.cin.ufpe.br/~citi/fejepe/fejepe/Qualidade.ppt
www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v3_n2/consideracoes_acerca_dos.pdf -
www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=157&cat=Artigos - 45k -
http://www.pucrs.campus2.br/~annes/admosm_7.ppt (Acessos em 10/04/2007)

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